Agirei hoje, dia 26, como aproximadamente 15% da humanidade: eu me sentarei de frente para a TV e assistirei a cerimônia de entrega do Oscar. O show será transmitido, ao vivo, para praticamente todos os países e terá algumas particularidades intrigantes.
Uma delas é a saída da grande patrocinadora do evento: a Kodak. Vítima da revolução digital fotográfica, a velha empresa naufragou e se encontra sob a proteção da lei das falências. Na semana passada, a Justiça decidiu a favor da Kodak, permitindo que ela rompesse o contrato de patrocínio da festa do Oscar, que dava nome ao local onde há dez anos são entregues os prêmios. O acordo era de US$ 72 milhões por 20 anos. Ou seja, a empresa se livrou de um gasto de US$ 3,6 mi anuais. No entanto, o teatro continua a se chamar “Kodak” e a própria Academia, talvez por reconhecimento, continua se referindo a ele dessa forma.
A grande festa de Hollywood será, como sempre, palco promocional de estilistas, joalheiros e vários profissionais da moda. Espero que não maltratem as divas, como fizeram nos últimos anos: conseguiram enfear Madonna e Geena Davis há uma década; espero que poupem Penelope Cruz e Angelina Jolie, que apresentarão a festa de hoje.
Os filmes, que esse ano concorrem aos prêmios, não tiveram boas bilheterias (mal chegaram ao meio bilhão de dólares...), mas não se pode dizer que estamos diante de uma safra de espetáculos pouco criativos. Por exemplo, O Artista, um filme francês em preto e branco e que imita os melodramas dos anos 1920, disputará as principais indicações com A Invenção de Hugo Cabret, uma produção de Scorsese em 3D que presta homenagem ao cinema com ritmo de filme para adultos, embora se apresente como voltado ao público infantil. O primeiro possui 10 indicações, enquanto o segundo, 11. Ambos concorrem nas principais categorias - melhor filme e melhor diretor.
Os demais concorrentes para melhor filme também apresentam propostas muito interessantes. São eles: o drama familiar Os Descendentes, com George Clooney; Monneyball: O Homem que Mudou o Jogo, com Brad Pitt, o místico longa de Terrence Malick, A Árvore da Vida; o intelectual Meia Noite em Paris, de Woody Allen; o drama sobre empregadas domésticas Histórias Cruzadas; e Tão Forte e Tão Perto, estrelado por Tom Hanks e Sandra Bullock.
Alguns desses filmes não são mais do que um passatempo agradável (o que não é pouca coisa!), mas que não terão forças para resistir aos anos. Não têm alma, embora possuam uma bela forma. Mas há filmes bons, muito bons.
Entre os atores indicados para o Oscar estão algumas “figurinhas carimbadas”: Meryl Streep, Glenn Close, Nick Nolte, George Clooney e Brad Pitt. Todos com atuações merecedoras de destaque.
A apresentação dos prêmios, que será feita por estrelas como Halle Berry, Tom Cruise, Penelope Cruz, Tom Hanks e Angelina Jolie, terá também a presença de Rana Kermit e Miss Piggy, personagens do longa Os Muppets - O Filme, concorrente na categoria de melhor canção original pelo tema Man or Muppet. A música é uma graciosa exposição da angústia existencial sofrida pelo protagonista humano e seu colega fantoche por não saberem exatamente o que de fato são.
Para completar, os canadenses do Cirque du Soleil trarão à cerimônia 50 acrobatas para um de seus números no teatro. Confesso que, de tão costumeiros, já estou me chateando de vê-los. Temo que a Academia de Hollywood tenha se esquecido de algo fundamental: a duração do show do Oscar deveria se medir pela capacidade de tolerância da bexiga humana.
Mas ficarei até o final!
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